Tirou do bolso um rectângulo de cartão verde e entregou‑o a Mathieu. Este leu: «C. N. T. Diário Confederai. Exemplares 2. França. Comité Anarco‑Sindicalista, 41, Rua de Belleville, Paris 19.» Havia um selo ao lado do endereço. Também era verde e trazia o carimbo de Madrid. Mathieu estendeu a mão — Obrigado. — Cuidado! — disse o sujeito irritado. — E... de Madrid. Mathieu olhou‑o. O homem parecia comovido e fazia grandes esforços para exprimir o seu pensamento. Renunciou a isso e disse apenas: — Madrid! — Já sei. — Eu queria lá ir. Juro. Mas a coisa não se arranjou. Tornara‑se sombrio. Murmurou«espera»e passou devagar o dedo sobre o selo. — Pronto. Podes levá‑lo. — Obrigado. Mathieu deu alguns passos, mas o sujeito chamou‑o. — Eh! — Que é? — disse Mathieu. O homem mostrava‑lhe a moeda de cinco francos. — Foi um tipo que me deu isso. Ofereço‑te um rum. — Hoje não. Mathieu afastou‑se com um vago remorso. Houvera uma época na sua vida em que deambulara pelas ruas, pêlos bares, com toda a gente; o primeiro que aparecesse podia convidá‑lo. Agora, tudo isso tinha acabado; esse género de aventura não dava nada...
essa parte ai,é para Muri. Me lembrou um papo antigo, aê.
Ali, naquela noite, colando trechos do blog e provando-se um fã inveterado das nossas personalidades caóticas, Orlandinho me fez ver quão pseudas nós somos. Esses posts todos aqui pra baixo têm um quê de pseudísse sem fim, o que muito explica a relação que nós desenvolvemos com os pseudos – pseudamente, buscamos um pseudo que alimente nossas esperanças e aspirações igualmente pseudas.
Orlandinho me fez perceber que nós não só somos pseudas, como somos losers. Todos os posts tem um je ne sais quai de insatisfação com nós mesmas, de cansaço e fraqueza frente a dureza da realidade.
O fato é: meninas, o Orlandinho está errado por nos ver assim. E nós estamos erradas de só escrever assim.
Nós não somos essas figuras tortas, pseudas e frágeis que retratamos aqui. Uma a uma, temos uma força extrema, com histórias complicadas, mas com pinceladas de felicidade e um jeitão muito lindão (do Mersão... hahahahah) de ser.
Nós atacamos o que nos faz mal, combatemos as nossas paixonites, damos em cima de quem queremos quando bem entendemos, entornamos o quanto achamos que devemos a ponto de fazer alongamentos... nós somos o que queremos ser.
Somos, antes de mais nada, seis mentes igualmente, mas diferentemente, insanas, mas bem formadas, que são capazes de falar as merdas mais bizarras bem como discutir as coisas mais essenciais.
Uma não existe sem a outra e a longo desse tempo de “convívio” fomos tornando-nos algo que talvez, todos eles nunca serão: uma só. Panelinha escrota por panelinha escrota, sou muito mais a gente.
;; e avante, eu diria!
Então, além de assumir aqui nossos momentos pseudos e losers, frequentemente inegáveis, vamos assumir o melhor lado da nossa personalidade: o fútil. Hhahahahaah.
Que comecem agora os posts imbecis. =) Meninas, busquemos a salvação.
Sempre acho que quão mais longe eu fico de tudo, mais perto eu fico de mim. É como se a distância de quem me ama e me quer bem, o afastamento do que é conhecido e seguro... me permitisse sair de mim mesma e finalmente, avaliar quem eu sou. Distante assim, finalmente posso pensar em mim, viver por mim, ser como eu quero ser, e viver como bem entendo.
Longe eu entendo a minha família, os meus amigos. De longe eu sou mais doce, querida, sou mais Alice. De longe eu sei o que eu fiz e o que sentia. De longe eu posso entender melhor do que eu era.
O problema é: será que longe eu estou mais perto de quem eu vou ser? Digo isso porque exatamente agora eu estou a um mês e 14 dias do desconhecido. Eu não tenho mínima idéia do que vou fazer da minha vida, e essa sensação me deixa desperada. Não sei qual mestrado tentar, em qual direção apontar, o que fazer.
Então, numa tentativa vã de buscar ter mais tempo pra me decidir, pensei em ficar mais aqui. Até agora mandei uns 4 emails pedindo por estágios... ninguém me respondeu ainda. Eu sei, eu sei... comecei ontem. Mas de qualquer maneira, a cada segundo que passa, mais ansiosa eu fico.
Se tudo der errado, dia oito de setembro desembarco - ou mais tarde que isso, visto o caos aéreo - em Confins. E sou um problema social da nação.
Se encantar é bonito. Principalmente quando você não tem motivos para isso, ou até os tem, mas eles são tão pessoais que você não sabe nem se explicar. Aí você fica sendo o louco que gosta de coisas que ninguém gosta. Não tem explicação, você simplesmente se encantou. Mas o encantamento nem sempre é feliz. Ele é mais feliz quando é correspondido. E mais: tem que ser correspondido e bem aceito. Porque um encantamento-renegado é bem triste. Um renegado é pior do que um desencantamento. Sabe do desencantamento? É quando você supervaloriza uma pessoa antes de conhecê-la e quando vai ver, não era nada daquilo, fica desencantada. Nesse caso, a gente ri duplamente: rimos da gente (por sermos tão bobas) e da pessoa desencantadora. E no caso do encantamento-renegado, a gente chora. Choramos com motivo. É o seguinte: sabe aquele doce que tem na sua geladeira e que você não vai comer porque está em um regime bravíssimo, apesar de querê-lo MUITO? Então... É isso. Você se encantou pelo doce (eu estou usando doce porque estou num blog, digamos... feminino, e as tentações femininas são maiores para doces do que para salgados, né?! Mas você pode substituir, se quiser), já experimentou antes e foi uma maravilha. Ele gostou de você e você dele. Mas agora você se nega a comê-lo e ele está ali triste na geladeira, esperando para que você mude de idéia e o tire do meio de tantas frutas, queijos, cervejas e restos de almoço. Ele quer ser seu e que se foda o regime, não importa se você vai ficar um pouquinho mais gordinha por causa dele, não importa se você ESTÁ gordinha, nem todos os problemas que virão pela frente.
Nada disso deveria importar porque nada é mais importante do que o encantamento correspondido. Isso deveria ser prioridade na vida das pessoas. E eu não digo de encantamentos relacionados apenas a homem-mulher. Falo de encantamentos entre pessoais quaisquer por qualquer motivo. Aquela bebezinha que mora no seu prédio e que gosta de você, sempre ri pra você no elevador, mesmo você nunca tendo feito nada pra ela. É uma gracinha, lindinha, fofinha – você pensa - e ela continua te sorrindo, mas você com medo de segura-la porque pode deixá-la cair no chão. Ou de dar corda, ela se apegar muito e depois você ter que cuidar dela enquanto os pais saem de casa. Por causa disso, você vai iniciar a criança numa vida que será cheia de encantamentos-renegados. Pode ser bom pra ela se acostumar.
A questão é que a vida é cheia deles e, na maioria das vezes, por medo. Acho que meu próximo post pode ser sobre medo e o quanto eu odeio isso em mim e nos outros.
Por enquanto eu digo que odeio o encantamento-renegado. Simplesmente porque tinha tudo pra ser um encantamento bonito e com motivos para ser feliz, mas tem alguém que não pensa assim.