eu fujo do que preciso, preciso do que fujo.
quero silêncio e vivo constantemente com o som de um rádio ligado no meio do furacão.
não existe família, amigo, homem ou menino que possa me acalentar. não existe cura ou colo para a minha tormenta, não existe ninguém em nenhum lugar que possa acabar com isso. nada. nem a morte. nada. não existe paz. não existe paz.
eu vou quebrar.
não sei se é porque ninguém me diz o que eu preciso ouvir. não sei se é porque quem eu quero ouvir não me diz nada. não sei se é porque não quero que ninguém me diga nada e nem quero nada de ninguém. não sei se é porque às vezes acho que isso tudo é mentira. e que eu fujo do que preciso e preciso do que fujo. e não sei fugir de mim. e fujo de todo mundo e acabo sempre nessa solidão infernal, com o nariz ardendo e dores que não sei identificar. minha doçura se esvai. um dia eu soube lidar com isso e havia alguma doçura. não sei mais nem amar, que era o que eu fazia de melhor. não sei nem mais me entregar. não sei mais nada de nada.
eu vou quebrar. eu acho que já quebrei.
isso costumava ser bom. eu me partia e deixava de ser uma. agora eu me parto e simplesmente deixo de ser.
não posso nem mais ficar sozinha. porque agora fico sozinha com alguém para cuidar. não posso nem me destruir ao extremo porque seria cruel. seria destruir outra pessoa junto. não sei ser tão filha da puta. e também só sei ser assim.
eu estou rachando.
eu
ccccrr
ec
preciso de alguma coisa que eu não sei onde tem, o que é e nem como conseguir.
mas preciso e preciso agora.
antes que
- Clarah Averbuck-